quarta-feira, 16 de julho de 2008

EM CIMA DE TI

Um dos sítios por onde é fácil ser descoberto aos fins-de-semana é no Bairro Alto. Não necessariamente à noite, apesar de continuar a ser o meu local de eleição para ir beber uns copos… mas também durante o dia, a calcorrear as ruas estreitas. Acho difícil falar do Bairro Alto sem usar uma imensidão de clichés e por isso não me sinto muito tentado a fazê-lo. Nem sem bem a razão exacta pela qual é um sítio que me atrai tanto: talvez por ser no coração da cidade; talvez por me sentir livre entre a diversidade e a descontracção reinante.
Faço lá por vezes, algumas excursões fotográficas: câmara em punho e ipod nos ouvidos.
Não sou um fotógrafo compulsivo nestas ocasiões. Mas sinto que estou mais atento aos detalhes do que estaria sem a câmara. Vou com o objectivo claro de fotografar!!! E esses detalhes surgem à minha frente com enorme facilidade, o que não quer dizer que todos dêem boas fotografias…
Um dos meus amigos, o João Oliveira, que tirou algumas das fotos da banda que podem encontrar no nosso site, interage com as pessoas que fotografa, tenta saber a sua história e por isso grande parte das suas (fabulosas) fotografias têm histórias para se contar. No meu caso, já o disse anteriormente, sou voyeur, e tento passar despercebido aos olhares dos meus alvos.
Tenho um certo prazer perverso em assumir este papel, e sinto a adrenalina típica do adolescente que não quer ser apanhado a fazer asneira querendo muito fazê-la… mas percebi, enquanto arrumava as ideias para a selecção das fotos do book do CD, que não iria usar muitas fotos com pessoas. Isso aumentava o risco ele se tornar uma sucessão de histórias às quais poderia ser difícil atribuir um denominador comum.
Esta foto tem o pombo que é Lisboa, o ambiente decrépito do Bairro Alto e a atmosfera da ambiguidade que procurávamos.

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