quinta-feira, 10 de julho de 2008

FIM DO MUNDO (TODOS VÃO PERDER)

Estive em 2004 em New Orleans depois de uma breve passagem algo atribulada por New York. Existem algumas cidades no EUA que sempre estiveram na minha lista de locais que ansiava conhecer, e nesta viagem tive oportunidade de ir a duas delas.
New Orleans deve ser hoje uma cidade igual à que encontrei nessa altura, pois acredito que a energia que emana deve ter sido suficiente para curar as mazelas que a natureza, neste intervalo de tempo, provocou. Não sei se isso é verdade ou não, mas acredito que sim.
Existem algumas imagens que retenho desta cidade: o cheiro a tinto misturado com cerveja e vómito que desde a manhã perfumava as ruas à saída do hotel; a música que começava a ecoar nos bares desde o início das tardes e que para além desses locais confinados visitava cada recanto da cidade; a magia negra e o voodoo que pairavam omnipresentes no ar, parecendo querer ser mais do que bugigangas para serem levadas pelos turistas; os miúdos bêbados emborcando desalmadamente como que desejando acelerar a noite; o sexo e o deboche que se insinuavam a cada esquina.
Hei-de voltar a New Orleans. Voltar a ver e ouvir Big Bands em bares quase decrépitos (estarão ainda de pé?) em sessões contínuas, escutar pasmado os músicos de rua e sentir a adrenalina da Bourbon Street (que nome tão adequado!).
Esta senhora (bruxa?) estava num largo, perto de um jardim. Por detrás dela um negro tocava tuba acompanhando um outro que cantava de forma a ecoar por toda a praça, a despique. Fiquei tentado a pedir-lhe que me lançasse as cartas, subjugando a razão ao encanto dos seus olhos penetrantes. Não o fiz, talvez por me sentir inebriado com todo o cenário à minha volta e isso não me ter ajudado a tomar decisões. A dormência que me provocou a sensação de ser aquele um lugar onde me iria sentir bem certamente, se por ali ficasse mais tempo.


FIM DO MUNDO (TODOS VÃO PERDER)

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