segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CAPÍTULO IX

É nesta altura em que, apesar de mais focados em nós próprios, somos surpreendidos pela paixão, por esse sentimento inquietante que nos acomete de incerteza primeiro, e de desejo depois. Curioso despertar agora que nos invadia uma sensação de quase auto-suficiência. Mas simultaneamente é o facto de ter despontado nesta altura da viagem que talvez nos faça ver o outro com olhos de ver, não filtrado pelas imagens cuja origem perdemos no tempo mas com todo o esplendor que apenas a noite e as ilusões que encerra são capazes de proporcionar.



SERÁ (junto a ti)?
LETRA: Ricardo Oliveira

Tu és a noite em chamas
Não há como te apagar
Tu és a minha raiva
À beira de se soltar
És memória de outras eras
E soltas o que tenho para dar
Corres como se todo o tempo
Estivesse para acabar

Será que a lua sobre o mar
Me traz imagens que perdi?
E a cor da noite, ao deitar,
Será que me traz junto a ti?

Tu és a dor que resta
Quando penso em me salvar
És a luz da madrugada
Que vem para me abraçar
És o som da minha rua
Que me acalma o acordar
És um prazo sem validade
Uma história por contar

Será que não quero acordar?
Será que não me vou perder?
Será que é a lua sobre o mar que não me deixa ver?

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