sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CAPÍTULO III

O caminho sente-se à medida que é percorrido. O mesmo acontece com a mudança, caso contrário não deixa nunca de ser uma intenção vã. Esta é uma evidência óbvia, as coisas são quando se sentem, não são quando se pensam. Entender que estas evidências existem simplifica a forma como se vê a vida. Que o ar não alimenta ou que A ÁGUA NÃO MATA A FOME. As evidências ajudam-nos a destruir o que damos como certo e o que não é mais do que um conjunto de intricadas construções ilusórias. Desejamos que o tempo passe para que a mudança se possa sentir. Vivemos bem como quem somos e no espaço que nos é devido. Embriagados pelo desejo da mudança apenas desejamos que a vida nos tome e como Fénix, nos transforme num fogo purificador.



A ÁGUA NÃO MATA A FOME
LETRA: Ricardo Oliveira e Mário F.

Tento mentir ao tempo
Enquanto espero pela resposta
Um suspiro, uma incerteza
Uma sombra à minha porta
Deixei que a memória fosse
Quem me atormentasse os dias
Sem nada pedir em troca
Vou cedendo às agonias

O espaço que me coube em sorte
Faz que morra e renasça mais forte

Pouco mais que coisa pouca
Vou cedendo às ironias
Dar-te o que não me pediste
Na incerteza de outros dias
Dás-me a tua mão em troca
Sem nunca nada pedir
Vou sentindo o vento forte
Amanhã hei-de surgir

Tudo não passa de uma ilusão
E eu insisto em andar em contra mão

Quero que a vida me tome
Arder num fogo que me transforme
Porque a sede não me consome
E a água não mata a fome

Olho em volta
E nada me diz
Se sou um herói ou um pobre infeliz
Invento os nadas
Com que me quero enganar
E sigo o caminho mas não sei onde vai dar
Não sei onde vai dar, onde vai dar
Sigo o caminho porque não sei parar
Não sei parar, não sei parar

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